quarta-feira, 13 de outubro de 2010

'Os livros que estou a ler' com Graça Morais

imagem recolhida aqui

Ainda gosto de ouvir histórias. Mais me encanto quando elas narram episódios vividos com personalidades que aprendi a ler, a ouvir, a olhar. No passado dia 12, sentei-me no auditório da Casa Fernando Pessoa, para assistir a uma conversa de Inês Pedrosa com Graça Morais, acerca de livros. A directora da casa anfitriã fez uma sucinta apresentação biográfica da pintora, aludindo às exposições patentes no espaço sobre duas obras de parceria de Graça Morais com Sophia de Mello Breyner Andresen: Orfeu e Eurydice e O Anjo de Timor. E foi por esta relação com a poetisa que a artista plástica iniciou a conversa testemunhando o deslumbre que lhe causara a escritora numa viagem que realizaram, integradas numa comitiva presidencial, à Grécia. Os trabalhos de Graça Morais que constituem a exposição Orfeu e Eurydice foram realizados em papel para partitura. O papel branco não lhe é confortável, revelou. E aquelas folhas, usadas pelo marido Pedro Caldeira Cabral para transposição de partituras clássicas, têm desde logo as linhas das pautas. Graça Morais enunciou alguns dos escritores com quem interpretou colaborações, na ilustração das suas obras escritas: Manuel António Pina, José Saramago, Augustina Bessa Luís, Miguel Torga, etc. Falou das suas primeiras experiências de leitura quando as bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian levavam a Trás-os-Montes, livros que tinham de ser lidos em cerca de quatro dias. Leitora especialmente de ficção, tem em A Sibila, de Augustina, um dos livros mais memoráveis por ter reencontrado nas personagens a vivificação das suas próprias tias. Natural de Vieiro, Graça Morais tem ascendências rurais, por parte da família materna, e algo mais erudita, por parte da paterna. Com conhecimento de causa, defendeu a importância do tratamento da terra para acreditar na vida. Os que, por exemplo, cultivam uma horta, argumentou, são estimulados pelo cíclico renascer; mesmo quando algo corre mal, sabem que será uma fase pois a Primavera voltará a regressar. Graça Morais falou ainda do seu fascínio por Cabo Verde e do seu interesse, enquanto leitora, por obras acerca do acto criativo. Referiu alguns livros que tem em mãos e que deixou como sugestões de leitura: Nelson Mandela, uma lição de vida, de Jack Lang ou O Livro da Consciência, de António Damásio. Confessou que se, hoje, tivesse possibilidade refaria as ilustrações de O Ano de 1993, de Saramago concedendo-lhes maior liberdade. E falou de África, da empatia que tem pelo povo daquele continente e da forma como ele interfere em alguns dos seus trabalhos.

Para quem esteja interessado, a Antena 1 transmite na íntegra, esta conversa, na próxima sexta-feira, dia 15 pelas 21h00.

1 comentário:

Alexandra disse...

Interessada, eu estava!!!

Mas... já não cheguei a tempo. Resta-me a consolação de ter lido ambos os livros: Lição de vida e O Livro da Consciência.

Alexandra