terça-feira, 26 de junho de 2012

Duas páginas

© Techo

permanecemos abertos lado a lado, como dois desertos sem género, no prefácio da irrupção. separa-nos uma sutura que nos une, qual fronteira que nos define território. escrevo-me em ti. escreves-te em mim. e assim iniciamos a profanação da virgindade. sedução que não se ouve, mas por onde se avança, como mar invadindo o areal sequioso de se sentir banhado. crescem palavras em ondulação e enche a maré que já fez esquecer o deserto. e quando em nós nada mais cabe, fechamo-nos. e unidos tornamo-nos um único. tocamo-nos, provamos os sabores, aromas e intensidades do que escrevemos quando éramos desertos sem género, preenchendo-se de desejo. na tua página em branco, escrevo-me. escreves-te na minha página por satisfazer. também assim se escrevem histórias de amor.

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