sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Redenção


© Elena Baca

Chegam em vagas as noites
condenando à errância os dias,
pesam penas nos ombros
soltas de asas dolentes no sonhar,
há uma prisão na permanência
de ser água cansada no esperar
que a sede lhe toque o fulgor
transpirado na pele por tocar,
sobra início na vontade adiada
e náufrago o corpo perde morada,
cobrindo-se em orvalho de redenção
no alvor em que a oração se desfaz.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Pedra_das... X



Bebo a tua sede e recolho-me nesse lago onde sou água à espera que me bebas... 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ela

© Ragin


Traz no olhar carris do sonho,
mesmo se tardam as estações
duma viagem que lhe foge.
Insiste em itinerários por alcançar,
procurando nas palavras
o mapa que a move.


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Pedra_das... IX




Há um reino tão distante onde adormeço tão perto...


de ti.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sopros de Escrita


Sinto-te passar
pelo trilho da minha escrita,
onde corações procuram fonte
para saciar a sede dos dias;
sinto-te o movimento dos lábios
soletrando o sabor do recado
solto no destroço da esperança
quando exíguo se torna o amanhã;
sinto o gesto do olhar,
tombando em sopros de segredo,
sobre a confissão duma alma
espelhada em linhas sem margens…
e fico,
parado no tempo,
à espera de ser história
regida pela constância das palavras
em que te escreves,
sabendo serem tradução
da avidez do meu querer.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Pedra_das... VIII


se eu soubesse a génese da eternidade,
escrever-te-ia palavra que não perdesse significado...

sábado, 14 de janeiro de 2012

Agitar[-te]


Indizível
insanidade
esta
de marejar
a pacificidade
do tempo,
juncando
inquietude
num vazio
aberto
onde antes
nada havia
e agora
se alonga
a espera
de resposta.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Reflexos I

© Caminheiro




o azul que arde...

para além do que o fogo queimou.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Difusão

© Marco Martinelli

Ide
e levai a palavra
como se fosse olhar
na procura de outro
que a leia,
contemple,
dispa,
observe a forma
e no tacto
a percorra
a cada sílaba,
no relevo do corpo
a ela se entregando
até que sejam
significado
único.

Vinde
e trazei o corpo
que apenas é
palavra,
de definição por decifrar
na leitura
dum olhar.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Quando o branco se torna cor

© Cwithe

Quando o branco se torna cor,
espuma réstia da memória-sede,
as mãos são deserto arrebatado,
inóspitas para segurar o caminho,
mesmo que errante, de acreditar;
há um mar de nada feito horioznte
e a solidão é muralha erguida
em torno do ser aprisionado
que nos transforma.