sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Prisioneiro do Céu

Num regresso ao universo dos livros esquecidos e de autores malditos, Zafón leva-nos pela Barcelona franquista, num enredo de ficção que esbate fronteiras com a realidade duma Espanha sob a batuta da ditadura. Em O Prisioneiro do Céu, um livro abre-nos as páginas do passado dos protagonistas e arrasta-nos para as memórias dum cárcere político, narradas com tal pormenor e sentir que quase se julga impossível que o autor não o tenha vivido na pele. Num exímio e contínuo revelar de detalhes da vida espanhola do pós-guerra, a ‘história’ da vida dos Sempere é revelada. O Prisioneiro do Céu é um labirinto em que corremos pelos enigmas e tensão usados pelo autor na sua escrita, a qual transporta sempre tal dose de sentimento que todos os factos se nos afiguram verídicos. Mas Zafón, através da sagacidade de Fermín, usa também o humor condimentando a obra com um rasgo muito próximo da perfeição. A mim, esta mais recente publicação do escritor catalão, devolveu-me o entusiasmo de leitura experimentado com A Sombra do Vento. E ao chegar ao fim, fica a vontade de repegar nas duas obras que antecedem O Prisioneiro do Céu, para [re]organizar todos os detalhes duma teia em torno da família Sempre, do Cemitério dos Livros Esquecidos e do fascínio por uma Barcelona acinzentada por mistérios que nos prendem, arrepiam e emocionam.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Jurar-te


jurar-te
o sonho consagrado
em que minhas mãos te esboçam o corpo
e nos teus lábios bebo a confissão ansiada 
de que acordar
não será o desfalecer desta fantasia
em que nos quero.