Pego num lápis de ponta
moldável que se derrete em cores diversas de imaginação. Sobre uma superfície
transparente, pendurada na vertical, traço esboços de sonhos. Não escolho as
cores. Elas auto-elegem-se. Verde para a esperança, azul para os voos, branco
para a pureza, vermelho para a paixão, num tom escarlate para o desejo. Há um
amarelo especial para um sorriso. Desenho os contornos. Mas os interiores
continuam transparentes, vazios. Nesses espaços por colorir, por preencher são visíveis
largas quantidades de água. Densa sem que se vislumbre a sua profundidade. Como
se fossem poços intermináveis. A vida esvazia-se e esvai-se nas horas intermináveis.
Nestas horas dum dia que parece não querer acabar. E eu tento adormecer para
esquecer que ainda é dia e a vida não se preenche, não se colora, afundando-se
numa transparência de sonhos que não tomam cor. Que não ganham vida.
1 comentário:
o anseio desenha a cores no anverso do sentimento...e vai descolorindo o campus dos dias...gastando arco-íris
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