domingo, 19 de janeiro de 2014

O Passado


Nem sempre é fácil, nos regressos, recusar aromas do passado. Ao regressar a Paris, para formalizar o rompimento com o passado, Ahmad, talvez não adivinhasse o quanto iria ter de mexer no seu passado, mas sobretudo o quanto o presente iria dificultar os passos imediatos para o futuro. Ao regressar, Ahmad, vê-se envolvido num trama de dilemas morais e emocionais que, frequentes vezes, mais do que realidades, são suposições com que as complexidades humanas fazem tremer os dias.

Quantas ruínas se poderão descobrir num regresso ao passado? Quantas feridas, abertas por mal-entendidos, ficarão por sarar por não se enfrentar, um regresso ao passado, com a capacidade de franquear a verdade e desmistificar segredos?


Com este regresso a um conflito familiar, em “O Passado”, Asghar Farhadi – vencedor do Óscar para Melhor Filme Estrangeiro 2012 – revela-nos ainda que enquanto uns recusam aromas para romperem com uma vida passada de que tentam fugir no presente, para outros a fragrância do passado é a forma de devolver à vida quem se recusara a continuar presente.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Criação

© Arild Heitmann

invento um deserto
onde só existe a tua boca
e o oásis dos meus lábios.