quarta-feira, 11 de maio de 2011

Vento emigrante



Perdi num vento emigrante
versos de marinheiro embruxado,
lágrimas de sal militante
em mares de trabalho forçado.

Asas de silêncio em fuga
prenderam o delírio admoestado,
âncora onde a coragem madruga
na tradução de novel fado.

Lancei remos de socorro
num verbo alvo sem passado
enredei-me em velas onde morro
no idioma inquieto que desfraldo.

Trazei-me de volta o céu dourado
num pôr-de-tarde sem chão
e as aves refaçam meu voo ideado
no poema-vontade, exílio de meu coração!


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