Uma calçada para subir com o fulgor da paixão e descer com a convicção de regressar. Um espelho de momentos de contemplação, em que sentado num degrau observo, ouço e sinto privilégios que me sejam concedidos. Um lugar de recato onde semear divagações será a forma de descobrir novos caminhos.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Quando a noite... *
É quando a noite desce
que mais me dói
o espaço,
esse vazio desabitado
no meu peito,
onde o sol
já iluminou,
já aqueceu,
já o foste…
É quando a noite se aninha
nas paredes do meu quarto
que me acerco da janela
e contemplo a Lua,
nessa atracção pela Terra,
onde me deixaste
em pé.
Sinto-te,
ainda,
comandante das minhas marés,
nessa lua
em que levas o coração
de que me despeço,
mas em que ainda toco…
quando a noite me lembra
que já partiste!
* inspirado no desenho de Leila Pugnaloni
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2 comentários:
A versatilidade da noite permite-lhe acolher a solidão de uns, a paixão de outros e a nostalgia dos restantes. Também é boa conselheira, ou traiçoeira, pecadora ou cúmplice, enfim, é versátil.
Quanto à lua, está lá sempre: “Teresa olha a lua, dizia a mãe. Teresa, olha a lua, reiterou perante a indiferença da criança de 5 anos. Teresa, porque não olhas para a lua? Pergunta exasperada. Mãe, responde laconicamente, a lua já estava lá ontem e tem estado lá todos os dias. E tu mãe, onde tens estado?”
A noite e a lua, sempre companheiras do nosso mais profundo sentir, seja de vazio, ou não. A noite e a lua conseguem levar-nos como quem nos toma a mão...
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