Na amálgama
das horas procuro o amanhã. O calendário diz-me ser depois do hoje. Mas não sei
onde fica. Só do hoje tenho a certeza. E desse tempo passado que se escoa com a
chegada dum novo tempo. Dizem-me que poderei correr para amanhã e recuperar o
ontem. Será? Talvez o amanhã não chegue… nunca! E por isso choro, esse amanhã
que não aparecerá. E, no sufoco, digo-te, hoje, que te quero amanhã. Mentira?
Ilusão? Fraude? Dissolvo-me no tempo para nele me confundir, sem que perceba
que quero ir com ele. Até amanhã. Na transpiração desta dúvida se amanhã _ talvez! _ lavarás com as mãos de quem cala com a certeza, a dúvida do passado. É
que amanhã, o hoje será passado. E se eu te tiver comigo amanhã, será porque
conseguirei recuperar o passado. Que é hoje…
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