Escrevemo-nos
em camadas. Primeiro calculadas, dimensionadas, conjugadas. Depois com porções
de pele sobrepostas por crenças, decisões, caminhos, necessidades, opções. Remendos
em que crescemos e nos solidificamos. A idade rouba-nos elasticidade e moldabilidade.
E a esperança é uma esteira esgaçando, na qual nos deitamos enquanto o
acreditar se despe[de] em nós. A confiança é uma manta da qual restam cada vez
menos pedaços. O tempo desnuda-nos o miolo progressivamente mais parco,
preparando-nos para a urna final onde a derradeira camada sobre nós se fechará,
afastando-nos definitivamente do sonho.
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