Num regresso ao universo dos livros esquecidos e de autores
malditos, Zafón leva-nos pela Barcelona franquista, num enredo de ficção que
esbate fronteiras com a realidade duma Espanha sob a batuta da ditadura. Em O Prisioneiro do Céu, um livro abre-nos
as páginas do passado dos protagonistas e arrasta-nos para as memórias dum
cárcere político, narradas com tal pormenor e sentir que quase se julga
impossível que o autor não o tenha vivido na pele. Num exímio e contínuo
revelar de detalhes da vida espanhola do pós-guerra, a ‘história’ da vida dos
Sempere é revelada. O Prisioneiro do Céu
é um labirinto em que corremos pelos enigmas e tensão usados pelo autor na sua
escrita, a qual transporta sempre tal dose de sentimento que todos os factos se
nos afiguram verídicos. Mas Zafón, através da sagacidade de Fermín, usa também
o humor condimentando a obra com um rasgo muito próximo da perfeição. A mim,
esta mais recente publicação do escritor catalão, devolveu-me o entusiasmo de
leitura experimentado com A Sombra do
Vento. E ao chegar ao fim, fica a vontade de repegar nas duas obras que
antecedem O Prisioneiro do Céu, para
[re]organizar todos os detalhes duma teia em torno da família Sempre, do
Cemitério dos Livros Esquecidos e do fascínio por uma Barcelona acinzentada por
mistérios que nos prendem, arrepiam e emocionam.
Uma calçada para subir com o fulgor da paixão e descer com a convicção de regressar. Um espelho de momentos de contemplação, em que sentado num degrau observo, ouço e sinto privilégios que me sejam concedidos. Um lugar de recato onde semear divagações será a forma de descobrir novos caminhos.
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Jurar-te
jurar-te
o sonho consagrado
em que minhas mãos te esboçam o corpo
e nos teus lábios bebo a confissão ansiada
de que acordar
não será o desfalecer desta fantasia
em que nos quero.
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