sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Formas


é nesse teu modo irreverente de seres oceano que encontro as formas do teu mar, os limites da minha vontade ancorando nas margens do teu desejo e o sal da sede demorando-se nas ondas que atormentam os corpos.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Mulher

© Judy W

surpreendeu-se!
... como se ela fosse uma obra de arte.
contemplou-a!
... como se um modelo fosse.
tocou-lhe!
... como se a pele lho pedisse.
beijou-a!
... como se a boca falasse.
e amou-a só...
como uma mulher poderá ser!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Romance de um dia de estrada


chegou-lhe na maresia das horas.
esquecido pelo tempo,
fora um caminheiro sem bússola.
no alpendre da desesperança
sentou-se num banco exausto pela espera.
soltou uma página do manancial que lhe é sangue
e ela, enfeitiçada pelo que ouvira,
arrendou-lhe a assoalhada que mantinha vazia:
o seu peito;
que ele pagaria com versos
roubados à brisa dos dias.
e assim preencheram as horas
que de tão cheias
lhes secaram as bocas,
que de tão impacientes
ensandeceram as peles,
que de tão abrasadas
despiram o alqueive legado pelo rigor do inverno
e, em marés cheias, vestiram-se mutuamente
esquecendo o tempo que resta
para o ponto cardeal
onde a vida termina.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Adiante


fechei a noite
como quem arruma uma gaveta
a que não voltará nas próximas estações. 
horas e horas por usar. 
cores desbotadas
por tantos olhares sem razão. 
um vazio de lugares 
cheios de ausências. 
e no fundo
uma folha
onde um dia
escreveras uma manhã 
inundada de cidades por conquistar.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Dança

© Jane

pudesse meu olhar acordar um lago de luz onde teus pés dançassem e num sopro as cordas abraçassem a melodia para fazer do teu movimento, canto.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Infinitus


é nesse limite infinito de onde me chamas, que me conjugo.

imperfeito será, eternamente, o tempo onde não nos perpetuamos.


domingo, 1 de dezembro de 2013

Convite


escrevamos nomes numa rocha
a que o mar deu corpo
no resgate das ilhas. 
perdamo-nos do vento da prosa,
se na poesia temos por percorrer
incomensuráveis milhas.