quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Luz entre Oceanos


As palavras não rebuscam qualquer sublimidade literária. Mas arrastam-nos para um oceano de intensidade, no qual nos queremos manter náufragos, flutuando sobre cada pormenor da narrativa. É uma história que se sente por dentro e se acompanh
a no sabor das marés ora beijadas pela tranquilidade, ora assoladas por tempestades. É um livro sobre amor. Ou sobre amores. Das suas forças, das suas mágoas, do quanto poderão silenciar a razão, do quanto poderão ser feridos por ela. É uma obra que confronta os instintos e a racionalidade. É um livro em crescendo de emoção. E comoção. Toca-nos porque nos perturba, como um oceano intimado por ondulações. Leva-nos para lá, para o âmago das cenas que, ainda que estranhos, contemplamos a partir de dentro. “A Luz entre Oceanos”, de M. L. Stedman é uma prova de que o amor pode ser uma teia de laços indestrutíveis.

M. L. STEDMAN . A LUZ ENTRE OCEANOS
Editorial Presença, Julho’2012

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Sonhar


sou saudade de quando derramavas em mim o olhar dos teus sonhos.
hoje adormeces e eu não te vejo o sonhar.

sábado, 27 de outubro de 2012

Sobrevivências



e quando terminares o poema,
não ponhas termo à vida!
inicia outro,
como se a hora estivesse vazia
e me procurasses nas sombras
das palavras que irei beber
para sobre_viver!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Reinício


troquemos palavras
como se abraçam corpos
e quando a noite descer
deixemos escorrer a espuma das sílabas
e ensaiemos um novo poema de sedução.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Hoje...

© Molly Magdalain

hoje, um só beijo bastaria para confirmar que tua boca ainda tem sabor.


domingo, 21 de outubro de 2012

Regressos



Vens e partes, deixando-me nos arrabaldes da inquietação.
Um vento fustiga a cidade e o Rossio guarda-se no meu peito.
Chove, mas talvez sejam lágrimas do rio salpicando as colinas.
A Baixa ficou deserta, na minha cama só eu e o tempo
contado em avenidas, desencantos e pregões perdidos,
abandonados pelas varinas em canastas de soluços.
Ao longe ouve-se uma guitarra, ou o vibrar de uma memória.
Olho o castelo, transpiro-me do suor frio da Alfama assustada, ouço passos;
ecoam nos corredores pombalinos em direcção ao Tejo.

Chegam ondas e espero que sejas uma delas.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Noite(s)


a noite descalçou as palavras
e depois acordou-as para que fossem grito.
frágeis serão, sempre, as noites incapazes de emudecer.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Em Turbilhão



há uma distância
que a loucura das tuas mãos agarra,
com elas
destróis a fronteira construída para me delimitar o corpo,
depois… fazes de mim ave
mas não me dás asas,
prendes-me
a esse paraíso para onde corres
quando o desejo te habita.

é então que me esqueces,
por entre o acordar dos gritos,
o desalinho dos linhos,
o descolorar das cores,
antes de regressares,
de loucura adormecida
e deixares o tempo tomar conta de ti
depois de o aprisionares em mim.



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Verbo


não te sei o nome,
nem o corpo,
nem a boca,
apenas este verbo
com que te beijo
e me deixa a esperança
rouca.

sábado, 13 de outubro de 2012

Pedra_das... XXV


quando te entregares,
nada deixes para amanhã.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Pedra_das... XXIV

© barbara

a esperança mora numa rua onde a espera não desespera.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Pedra_das... XXIII

© martin zalba

e subitamente
os actos desmoronam-nos as palavras!


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Pedra_das... XXII



a tentação é uma janela por onde voarás
quando fores incapaz de reconhecer
que o amor é uma vida amarrotada em ti…

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Claridade de um rosto



intemporal 
é a idade da manhã
que me acorda o olhar
sobre o teu rosto,
lavando em claridade
a cinza dos dias.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ao vento


regresso-te ao corpo
- como o veleiro elege marés
onde amaina em tempestades -,
ventos de desejo
sopram-me segredos de sonhos desfraldados,
fundeio-me em ti,
entrego-te a minha âncora.

apaga[-me] o mapa da partida!