sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ninho II


Seja teu corpo
o ninho das minhas noites
e os teus braços
asas do voo a que me prendo,
quando em mim te fecundas
reflexo do meu querer
por te pertencer o meu ser
sempre que na minha pele
escreves a rejeição de partir…



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Desfolhar Outono


gota
eterna
que me é sangue
correndo
entre feno de palavras
que me encontram
ceifa
na cilada do verbo
por desfolhar
e mais não sou
do que verso,
raiz
a que me prendo
por entre veias
onde o poema se lavra
e o Outono
se compraz

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Vales




No segredo duma gargalhada
o voo íntimo dum olhar
brilhando para lá do horizonte

onde a cada tarde, a esperança adormecia…

Instante de sorte esquiva
esvoaçando em cinzas num peito
que do futuro se fizera túmulo
abandonado pelos aromas do amor…
Breve velocidade em fuga
na harmonia feita promessa
dum sorriso que não passou de esquiço
e hoje escorre pelos vales das rugas…

domingo, 18 de setembro de 2011

Mulher


Mulher, é por ti que clamo
nas palavras pejadas que solto
e vejo transformadas em afago
moldadas no teu rosto em carícia…

É por ti mulher que escrevo,
arrancando à partitura do corpo,
o lamento com que fazes ode
para te velar a nudez íntima e faminta…

E chamas poema a este voo náufrago -
pois as asas perdia-as na espera -
de homem errante numa brisa
entre versos afogados em saliva…

Fossem as minhas mãos
as palavras que agarras…

sábado, 17 de setembro de 2011

Contemplação



Pudesse o olhar suster
o que as mãos não alcançam
e eu despiria, debaixo das palavras,
uma frota de sonhos
em que o teu corpo é leme
desse contemplar que te despe
na espera que minhas mãos toquem
o segredo em que te vestes.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Onde estão?


Quando os seus olhos
pousam nos meus
há um oceano que os inunda
e onde mergulham perdendo intuição,
num fogo incendeiam-se
veredas caminhadas pela fome
e explode em cegueira a paixão.

Onde estão os olhos teus?
Onde estão?