terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tenho um rio a voar em mim



Era um rio inteiro
que me cortava a carne,
sulcando veias
em refúgios de tempo,
travessias mudas na solidão.
Corrida para o amanhecer
duma noite permanente,
explosão do universo
num copo de sede.
Ouvi o bater das asas,
voo de pássaro em torno da gaiola
procurando invasão
duma prisão voluntária,
temporária,
fugaz mas eminente.
Senti
o aroma inebriante,
droga estímulo
que me cega
e adormece,
nu teu corpo
poisado em mim,
na minha pele exposta,
areia despida
para abraçar o sol último,
as mãos
entoando um cântico
em pujança,
em clamor,
a êxtase
escrita poema
sob o olhar duma ave
presa no leito dum rio
em que a noite se abrasa
e a manhã entibia.

1 comentário:

Sopro Vida Sem Margens disse...

Descansam os entendidos nos sentimentos das asas da poesia numa bela caligrafia...que lhe confere o meu sinal de acenar com a minha cabeça, para cima e para baixo em tom de lhe dizer que Amei..este seu escrito!

Um beijinho
da
Assiria