domingo, 4 de março de 2012

Ecos assombrados *


Moro na ilegibilidade do vazio,
endereço esquizofrénico da noite,
enlouqueço num monólogo repetido
e ensurdeço no sufoco da resposta
inventada porque impossível,
desmedida porque inexistente.
Soam ecos do que não sei ser,
a dúvida tece-se em obstinação
e a certeza entedia-se por não suceder.
Os pensamentos cruzam-se,
engradando a raia luminosa.
Esbate-se o negro em neblina,
seduzindo o olhar com ilusão,
mas por mim apenas passa
um laivo de esperança,
na cegueira embutida em solidão.

Lá fora,
dizem haver um bando de asas,
com rota definida…
e que os olhares repetem-se pelos dias.


* a partir da imagem meus silêncios, de sonja valentina

1 comentário:

Sopro Vida Sem Margens disse...

Lá longe anda-se sem Ti
sem procurar passar por Ti
sente-se a pergunta
no lugar inventado
vazio porque inexistente

e...falas sobre os olhares
se nunca me encontras?