segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Nº 18


imagem recolhida aqui


(…) olhou-os de soslaio tamborilando o ritmo das canções que partilhavam. Confirmou, agora ao vivo, a atracção sentida desde a primeira vez que, sem essa intenção, lhe haviam sido revelados. Como quem conta, num filme, a história duma vida, em poucas horas se escreveu um conto que ganhou existência na concretização de palavras trocadas, sementes germinando sentimentos, certezas paulatinamente acordando com batidas rítmicas. A tentação de lhes chegar acabou por ser mais forte. A sensibilidade de quem toca sentiu-a como se molhasse a pele num ribeiro fresco aberto sob uma caminhada em tarde de Verão. Percebeu que os passos seguintes seriam um caminho sem retorno. Mas não seria necessário roubar fatias ao tempo. Antes que esperasse, ainda que desejasse, as mãos cederam. O pretendido, adoptando a ocasião inesperada, valorizou o instante. Os seus entrelaçaram-se naqueles que contemplara. Sem que pedissem permissão. Com a convicção de que a vontade era mútua. Tornaram-se pacto não escrito, zeladores dum querer inspirado. Escrevem linhas soltas na impossibilidade de controlar. E perdem-se entre carícias arrebatadas, ternuras brandas… abrindo janelas para depois, sossegando corredores de hoje, desenhando na longitude dos peitos a fronteira do desejo, traçando o limite do desfiladeiro onde os corações se unem e eles são testemunhas, juízes e réus sentenciados a não se apartarem. Hoje sorriem contornando-se na eterna vontade de se abraçarem…


1 comentário:

sonja valentina disse...

auspicioso ínicio... do que quer se seja que se começa a "construir" - boa sorte!!!