terça-feira, 18 de março de 2014

Era...


era... talvez fosse um pássaro. só poderia ser uma ave que sobrevoou o cálice e, com uma brisa, ergueu uma lacónica ondulação na sícera intacta. só podem ser de asas, os rumores que se constroem em ninho, no meu peito. e que crescem em sismo abalando a lucidez, a racionalidade, a quietude. nada permanece vertical. perdi os passos, perdi o pé e o solo. mas para que precisaremos do chão, se caminhamos sobre nuvens? talvez seja um voo o que se alojou no meu peito e me roubou a sobriedade. ímpeto anónimo que calou a razão. doce embriaguez que me extasia, mesmo que ilesa a sícera continue no cálice. só eu sei destas asas que me tentam rasgar o peito... e o meu voo já vai mais longe do que os pássaros.

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