sábado, 29 de janeiro de 2011

Cálice de luz


Na distância do Verão
silencia-se o sorriso,
longínqua dúvida
soprando o esmorecimento da vida.
Uma leda melodia
esboça em quietude o voo das nuvens.
Resguarda-se o olhar
no remanso do medo,
mergulham afundadas as estrelas,
sombras dum sacerdócio descrente.
Escorrem palavras pelos degraus
cobertas por um véu de delírio
e num cálice de luz
bebe-se uma réstia de esperança…
talvez amanhã chegue a Primavera.




* a partir da imagem mesmo que nada reste..., de sonja valentina

2 comentários:

pin gente disse...

bebe da luz pelo cálice que te estendem!
sei que inebria a visão como nuvem em tons de outono e que oferece às sombras a transparência da saudade.
na sensatez do tempo entrego as mãos.
ele saberá aconselhar-me os tormentos
e iluminar os degraus que seguem os meus passos
como se qualquer percurso fosse indefinível.
amanhã, seguramente, chegará a primavera.

sonja valentina disse...

mesmo que nada (mais) reste, mesmo que a esperança se desvaneça, as lembranças serão alavanca para um presente melhor, que se vive e contrói demoradamente, passo a passo.

abraço!