quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A despedida marcava o começo



Eram ténues os raios de manhã penetrando os múltiplos vidros da velha estação. Uma multidão de passos anónimos ignorava as histórias que aquelas lajes sabiam narrar. Obsessivamente rumavam aos destinos que o início de dia obrigava.

Incógnitos no meio da multidão, misturavam-se entre seres comuns que deixavam para trás uma antecipação de dia furtada às horas de descanso mais frustradas. De mão dada procuravam os segundos derradeiros que se esfumavam por entre os minutos que pareciam correr mais velozes que o tempo.

Pararam quando os destinos não conseguiram mais eternizar a comunhão dos passos. A despedida impunha-se. Antes do adeus, os olhares fixaram-se no anseio dum abraço que segurasse a não vontade da separação. Tornara-se curta a noite que se prolongara numa madrugada de céu encoberto, em que a luminosidade revelara a timidez de se introduzir como interruptora duma vontade que ia bem para além do hoje.

Num beijo final os lábios uniram o que o tempo teimava em apartar. A despedida marcava o começo.

Sem comentários: