quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Paulo de Carvalho no Teatro da Trindade

imagem recolhida aqui

Num novo final de tarde, reunidos na intimidade da sala principal do Teatro Trindade, foi-nos proposta uma viagem de pouco menos de sessenta minutos por homenagens a autores portugueses e do mundo. Fomos levados pelo Tejo, passámos Abril, visitámos as sonoridades latinas, lembrámos memórias de há três décadas atrás e ainda demos um pulo a África.

Ouvimos as palavras de Agostinho da Silva, de José Carlos Ary dos Santos, do cubano Silvío Rodriguez, do argentino Atahualpa Yupanki, do autor/intérprete que pisava o palco e as melodias do compositor José Calvário. Da surpresa das palavras cantadas do filósofo, à confirmação eterna do poder da escrita de Ary, passando pela homenagem a dois autores hispanos, foi sem dúvida, em canções como Gostava de vos ver aqui, Flor sem tempo ou E depois do adeus que o público, enchendo a plateia e significativa parte do balcão, se reviu e participou de forma mais marcante.

Paulo de Carvalho sentiu necessidade de dar novas roupagens a canções que moram nas memórias com as sonoridades originais. Ainda que respeitando a vontade de actualização, não creio que seja necessidade recusar o que nos atribui o lugar que conquistámos. Muito curiosa foi a interacção do cantor/autor com o pianista cubano Victor Zamora que o acompanhou e nos premiou com interessantes incursões muito pessoais por temas que, como já referido, nos são extremamente familiares nas suas versões originais.

Ainda que significativamente aplaudido, não creio que Paulo de Carvalho tenha conseguido tocar profundo naqueles que ali se deslocaram, porventura, na expectativa de recordar. Considero ainda desnecessária a veemência duma constante referência, em tom demasiado contestatário, à indiferença com que se sente tratado na actualidade. O final chegou com um coro ampliado relembrando Os meninos de Huambo.

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