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Num novo final
de tarde, reunidos na intimidade da sala principal do Teatro Trindade, foi-nos
proposta uma viagem de pouco menos de sessenta minutos por homenagens a autores
portugueses e do mundo. Fomos levados pelo Tejo, passámos Abril, visitámos as
sonoridades latinas, lembrámos memórias de há três décadas atrás e ainda demos
um pulo a África.
Ouvimos
as palavras de Agostinho da Silva, de José Carlos Ary dos Santos, do cubano Silvío
Rodriguez, do argentino Atahualpa Yupanki, do autor/intérprete que pisava o
palco e as melodias do compositor José Calvário. Da surpresa das palavras
cantadas do filósofo, à confirmação eterna do poder da escrita de Ary, passando
pela homenagem a dois autores hispanos, foi sem dúvida, em canções como Gostava de vos ver aqui, Flor sem tempo ou E depois do adeus que o público, enchendo a plateia e significativa
parte do balcão, se reviu e participou de forma mais marcante.
Paulo de
Carvalho sentiu necessidade de dar novas roupagens a canções que moram nas memórias
com as sonoridades originais. Ainda que respeitando a vontade de actualização,
não creio que seja necessidade recusar o que nos atribui o lugar que conquistámos. Muito curiosa foi a interacção do cantor/autor com o pianista cubano
Victor Zamora que o acompanhou e nos premiou com interessantes incursões muito
pessoais por temas que, como já referido, nos são extremamente familiares nas
suas versões originais.
Ainda que
significativamente aplaudido, não creio que Paulo de Carvalho tenha conseguido
tocar profundo naqueles que ali se deslocaram, porventura, na expectativa de
recordar. Considero ainda desnecessária a veemência duma constante referência,
em tom demasiado contestatário, à indiferença com que se sente tratado na
actualidade. O final chegou com um coro ampliado relembrando Os
meninos de Huambo.
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