sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Os sonhos



Como quem teme enfrentar a luz, os sonhos vivem na extensão dos silêncios que se abrigam nas palavras por dizer. Como reféns permanecem enclausurados num território hermético entre a esperança e a contenção. Ficam prisioneiros, mais do que da vontade, de universos que não se vislumbram. Crescem, arrumam-se, esquecem-se. Contraem-se perante as grades da razão. Ofuscam-se por detrás da opacidade do cepticismo. Num recôndito espaço dos pensamentos, teimam em não ganhar voz. Cativos dos segredos, abortam voos que imaginaram serem capazes de realizar. Até que um sorriso ilumina a parede exterior da cela onde se embrenharam. O calor da confiança aquece a pele do acreditar. Balbuciam as primeiras sílabas. Abre-se a portada da janela por onde a felicidade romperá frestas. E sustidos por uma mão a que se agarram, descerrarão pálpebras, enfrentarão a luminosidade e serão abraço comungado por quem alcançar o seu voo numa estrada rasando os céus da liberdade.

Sem comentários: