Como quem teme enfrentar a luz, os sonhos vivem na extensão
dos silêncios que se abrigam nas palavras por dizer. Como reféns permanecem
enclausurados num território hermético entre a esperança e a contenção. Ficam
prisioneiros, mais do que da vontade, de universos que não se vislumbram.
Crescem, arrumam-se, esquecem-se. Contraem-se perante as grades da razão. Ofuscam-se
por detrás da opacidade do cepticismo. Num recôndito espaço dos pensamentos,
teimam em não ganhar voz. Cativos dos segredos, abortam voos que imaginaram
serem capazes de realizar. Até que um sorriso ilumina a parede exterior da cela
onde se embrenharam. O calor da confiança aquece a pele do acreditar. Balbuciam
as primeiras sílabas. Abre-se a portada da janela por onde a felicidade romperá
frestas. E sustidos por uma mão a que se agarram, descerrarão pálpebras, enfrentarão
a luminosidade e serão abraço comungado por quem alcançar o seu voo numa
estrada rasando os céus da liberdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário