terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Rapto



Roubo-te o olhar
que pousas sobre o mar,
fiel e eterno amante
traído pela tentação das palavras
surpresas por melodias,
idiomas de suspiros inspirados
e acordadas em memórias por construir.

Na pele seca-te o sal,
carícias de saudade
segredadas em incursões,
náufragas de incontáveis viagens
a que sempre regressas;
beijo-te o sabor dos poros,
como mel com que adoças,
em goles imprudentes, meus lábios secos de ti.

Escorrem de tuas mãos
areais desertos onde te sentas
na espera eterna do seu abraço,
preia-mar de sucessivos adiamentos,
contemplações retidas e suspensas
como fragrância liberta
na exalação da tua maresia.

Seguras-me o futuro
em cada nortada do querer,
impões-te como leme
no presente por atravessar.
soçobro, cedo e rendo-me
para nas tuas mãos suster
a paixão em que te raptei do mar.


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