domingo, 21 de fevereiro de 2010

O incêndio do silêncio


O silêncio varreu a seara, queimando cada rebento de expressão, desabrochado com a urgência do excesso num peito habitado pela paixão. Intempestivamente, o prado verde converteu-se num babel desértico e mudo. Amareleceram os vocábulos traídos na espera e moradores nas margens da corrente, onde fluíra a impetuosidade em que embarcavam sem indagar para onde eram impelidos. São cinzas ressequidas, as sílabas planando sobre torrões indecifráveis, soluçados e expelidos pelo nó da garganta, emudecida em rasuras de indecisões. Mais além, num cenário desfocado pelo humedecimento do olhar, uma palavra salta a cerca delimitadora da incineração. Miragem? Ou uma réstia de esperança em que, encontrada a réplica, o diálogo reacenderá a emoção?

Sem comentários: