sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Não faças esperar o amor


Deixa o café na chávena
e o cigarro ser cinzas,
ignora as fases da lua
e as rebentações da maré…

Mas não faças esperar o amor!

Esquece as palavras na folha,
perde os primeiros comboios,
não contes as estrelas no céu,
nem vigies o florir das amendoeiras…

Mas não faças esperar o amor!

O amor tem asas invisíveis
e basta-lhe um vento de feição
para navegar em oceanos
a que nunca chegarás.

Não deixes o amor arrefecer
nem que se consuma sozinho,
não lhe permitas encher-se no vazio
nem rebentar num areal deserto…

Não faças esperar o amor!

Não o deixes ser escrita ignorada
nem viagem sem destino,
nem céu sem brilho,
nem ramada isolada…

Não faças esperar o amor!

Não queiras que te deixe à espera
em cafés repetidos,
em cigarros intermináveis,
em luas contínuas,
em marés indomáveis,
em palavras inócuas,
em comboios atrasados,
em estrelas incontáveis,
em primaveras por rebentar.

Não faças esperar o amor!

Não o deixes adormecer na demora!
Não arrisques deitar-te nele
quando for leito que já não te pertence.

Não faças esperar o amor!!!

1 comentário:

Paula Raposo disse...

Tão certo! O vento leva-o e não saberei ir buscá-lo. Adorei!