quarta-feira, 28 de julho de 2010

Adivinho-me



Adivinho-me
neste corpo onde entorpeço
mas esqueço
que conheço,
para me sentir barco
em busca de porto por violar
sedento dum afago
que no desejo trago
e estendo num abraço,
na tribuna dum olhar,
no sótão dum pensamento
ou simplesmente na rede
das palavras que te leio
descobrindo que me ofereces
o corpo em que te esqueces
quando no meu adormeces.

1 comentário:

Azul disse...

Vive num mundo sem paixão? Tantos de nós que assim vivem. Para mim tem sido um processo em tudo semelhante ao que caracteriza o ateísmo sistematizado: um processo através do qual procuro eliminar da minha mente e da minha vida o que dizem ser a paixão por outro ser humano. Não sou única nem tão pouco original. Este mundo começou com Hegel, passa por Nietzsche e chega a Marx. E eis-nos no existencialismo ateu tão bem representado por Sartre. E aqui estou eu a lê-lo a si e a sentir nas suas palavras a mágoa que sente pela ausência de um amor? De um amor não correspondido? Ou, nem mesmo o Caminheiro sabe porque sente mágoa? Tente o existencialismo ateu! Num outro comentário recomendei-lhe o valium. Hoje recomendo-lhe o existencialismo! É tão bom dar palpites na vida dos outros... :-)