sexta-feira, 30 de julho de 2010

Regresso

imagem recolhida aqui

O vento soprava os remos, na força com que o olhar sonhava. Os corpos faziam-se ao largo atraídos pela corrente invisível. Senhor da tarde, o tempo descia sobre a paisagem. A água beijava a pele enquanto os pés esqueciam-se de procurar caminhos. Ali não poderiam deixar pegadas. As braçadas ligavam margens não tocadas que se fechavam sobre a privacidade daquele lugar que a natureza proporcionava, como um segredo onde ninguém poderia chegar. A liberdade sobrevoava em asas supremas, soberanas do céu. Só a vista alcançava os cumes levantados no horizonte. Só a imaginação se precipitava para além da fronteira. Ia mais longe do que os limites admitem. Só o desejo deu as mãos à realidade e uniu a vontade única. A possessão nasceu da entrega. O inusitado foi real. A primeira vez aconteceu como que um regresso de que se não quer partir. Ficar na certeza de querer voltar e procurar na superfície da albufeira marcas dessa corrente em que me quero deixar arrastar.
… até esse momento passado que me presenteia com a vontade de ser, de novo, hoje num dia futuro.

Sem comentários: