Fora obrigado a estabelecer regras para contornar a sua ‘indisciplina’.
Ainda assim confrontava-se, insistentemente, com a sensação de que o relógio
corria mais do que o tempo. Só quando os alertas soavam, acordava das viagens ignorantes
das horas, e precipitava-se em diabólicas tentativas de ultrapassagem a um
tempo que já havia passado.
Quando ouviu as badaladas soarem na torre da sua igreja,
fechou os livros que dispersara sobre a mesa, amontoou desordenadamente os
papéis, bebeu a água que restava no copo e correu… ignorando os olhares que se activavam
sobre ele.
Ao entrar na sacristia, vestiu atabalhoadamente o paramento
que lhe fora deixado meticulosamente direito nas costas dum cadeirão. Só os
fiéis mais assíduos assistiam metodicamente ao ofício neste horário. Para além
disso era regra a porta principal ser frequentemente aberta para a entrada de
turistas que espreitavam, observavam alguns recantos e saíam. Eram poucos os
que se sentavam um pedaço de tempo nas últimas filas e quase nenhuns os que acabavam
por permanecer para acompanhar toda a cerimónia, ou quedar-se em oração.
Com a lista de intenções na mão, abriu a porta, benzeu-se e
moderou a corrida em direcção ao altar.
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