segunda-feira, 10 de maio de 2010

No trono do tempo *


Sento-me.
A demora não espera.
O tempo passa lá fora.
Espreita pelo vidro como se apreciasse uma natureza morta.
Olha-me com persistência como se esperasse que o fixasse nos olhos.
Como se quisesse recordar-me
que por mais que o ignore,
ele passa e arrasta-me no seu caminho.
Mas a verdade é que ele corre e eu fico.
Involuntariamente.
Aqui.
Sentado.
Neste lugar que torno trono do meu tempo.
Abro as mãos.
Estão vazias.
Levo-as à boca quando um aroma me acorda o olfacto da memória.
Uma luz entrou dentro de mim e acendeu a esplanada dum novo tempo.
Foi por este caminho que aqui cheguei.
É por essa felicidade que me demoro
nessa espera que tu chegues,
para ficares numa entrega sem tempo,
nesse lugar que te ofereço
diante daquele onde me sentei,
dentro de ti.

* a partir da imagem naquele lugar..., de sonja valentina

1 comentário:

Moon disse...

É assim quando as palavras se atropelam em jeito compulsivo. Escreve-se e escreve-se!