Eram vazias e sombrias as ruas onde se percorria e perdia.
Ressoava, no seu peito, o eco dos passos solitários como se um maço industrial
trabalhasse a centímetros dos seus ouvidos. No seu peito escorriam lágrimas
como a humidade nas paredes afastadas do sol. Sentia ficarem cada vez mais longínquos
os passos dum encontro consigo mesmo. Qual? nem sabia. No exterior reinava o
conforto, mas era dentro de si que uma pobreza imperava. Diziam-lhe para
acreditar, ter esperança, procurar… só que não sabia exactamente o quê. E no
meio da sua ingratidão perdia-se naquele caminhar que percorria dentro de si na
busca, talvez, dum olhar companheiro, duma mão, duma palavra… de algo
diferente, especial, que o completasse… onde permanecesse, cada vez mais tempo,
longe daquele lugar vazio e sombrio dentro de si.
* Por vezes cruzamo-nos com sentires alheios que parecem falar do nosso próprio eu, como reflexos do fundo do nosso próprio poço.
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