segunda-feira, 24 de maio de 2010

Perdidos dentro de nós *



Eram vazias e sombrias as ruas onde se percorria e perdia. Ressoava, no seu peito, o eco dos passos solitários como se um maço industrial trabalhasse a centímetros dos seus ouvidos. No seu peito escorriam lágrimas como a humidade nas paredes afastadas do sol. Sentia ficarem cada vez mais longínquos os passos dum encontro consigo mesmo. Qual? nem sabia. No exterior reinava o conforto, mas era dentro de si que uma pobreza imperava. Diziam-lhe para acreditar, ter esperança, procurar… só que não sabia exactamente o quê. E no meio da sua ingratidão perdia-se naquele caminhar que percorria dentro de si na busca, talvez, dum olhar companheiro, duma mão, duma palavra… de algo diferente, especial, que o completasse… onde permanecesse, cada vez mais tempo, longe daquele lugar vazio e sombrio dentro de si.


* Por vezes cruzamo-nos com sentires alheios que parecem falar do nosso próprio eu, como reflexos do fundo do nosso próprio poço.

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