As indicações que trouxera
permitiram-lhe chegar, sem equívocos, da estação à morada que iria servir de
primeiro refúgio nesta cidade onde passava as primeiras horas. Pousara a mala
sem a desfazer e voltara a sair, sem noção de para, ou por, onde ir. As ruas
estreitas davam-lhe a ideia de estar num bairro muito antigo, tradicional, de
baixos recursos, certamente com muita história, com gente de idade muito
avançada. Ao acaso, entrou num beco até cruzar uma perpendicular que percebeu
descer em direcção a uma rua mais larga. Estava a sair do bairro. Os carros
cruzavam-se em dois sentidos, num movimento permanente. A luz parecia irradiar
dos dois lados. A sombra que lhe cobria o caminho abria-se, de ambos os lados,
em largos de claridade. Passavam turistas de mapa na mão, verificando as
identificações toponímicas. Optou por virar para a esquerda. Em pouco mais de
cem metros entrava numa zona ajardinada, delimitada por um muro de onde se
avistava um mar de céu desaguando sobre as telhas dum areal de edifícios das
mais diversas dimensões. Estava num miradouro, no topo duma colina da cidade.
Procurou um banco que não estivesse ocupado pelos que procuravam o registo
fotográfico da vista deslumbrante, nem pelos que, alheios a ela, se entregavam à
leitura dum jornal, dum livro ou duma simples folha de correspondência. Umas
pequenas mesas com tampos redondos em pedra, serviam uma esplanada sombreada
por árvores que impunham a sua existência e que alguns arrojados raios de sol
se permitiam penetrar com júbilo. Soaram, na torre duma igreja que não deveria
estar distante, seis badaladas. Captou-lhe a atenção o movimento repentino dum
jovem sentado numa das cadeiras das referidas mesas, procurando reunir e
transportar desordenadamente os volumes que estavam espalhados sobre ela.
outras inconfidências I
2 comentários:
E mais, e mais? Continua, vá!
me senti parte do cenário.
também quero mais!
:)
beijo
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