terça-feira, 20 de abril de 2010

Desventuras ao largo


Imperceptível ao desejo,
sopra na vela daquele navio
um vento acre de ciúme
quando o marinheiro sucumbe
à sedução marítima dum novo porto.

Secam na garganta

as sílabas crestadas pela traição
que a pele não evitou beber
ávida dum êxtase por descobrir.

Quando o corpo acorda saciado
na areia duma cama não dormida
há um cheiro a pão quente que lhe evoca
a distância por cumprir até chegar
ao porto seguro de regresso.

E por entre os dedos sobram
restos de tentação por mascar,
impregnando a carne com confissões
que o álcool do amor não saberá perdoar.


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