quarta-feira, 7 de abril de 2010

Na crista da saudade


Desfraldo meu peito ao vento
confiante de ver chegar
a maré onde és fragata,
feérica em fragrâncias de paixão,
arremessada contra o cais
em sulcos penetrando no meu olhar.

És mulher com asas de gaivota
ou ave com perfume feminino.
Embriago-me antes de te beber
sorvendo memórias acordadas,
mordidas pela fome sem saliva
nos lábios ciosos de te beijar.

Nas mãos abrem-se-me desertos
outrora florestas apertadas,
desbravadas por dedos bailarinos,
navegantes de segredos embarcados
em presídios de línguas enroladas
na minha boca pela tua fechada.

Aquieto-me nesta hora infinita
prospectando tua voz no horizonte,
antecipo códigos ocultos nos peitos
a saciar num ansiado abraço
extinguindo o paladar agridoce
desta manhã nascida na saudade.

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