É tão longa esta estrada onde, hoje, os meus passos se perdem de
ti, afundando-se num lodo do esquecimento. Derretem as cores das palavras que
antes por aqui galopavam na necessidade de te dizer que eras o caminho único
dos meus dias. Já nem as mãos guardam o perfume das tuas como malhas onde se
entrelaçavam, seguras de terem ancorado no porto desejado. Queimam, nas minhas
costas, fogueiras acesas em noites de paixão mas que o fogo foi esquecendo de
atear. São as folhas rejeitadas pelo Outono que me oferecem trilhos para pisar.
É tão árduo o meu caminhar que, nos pântanos que se me abrem,
os nenúfares já não resistem ao pousar duma borboleta e antes de
chorarem, mergulham para abraçar as raízes. Desfocaram-se os teus braços onde
eu desejei me enraizar. E hoje o meu mergulho desconhece o retorno. Afundo-me
nesta estrada tão longa sem te encontrar no meu destino. Ter-te-ás perdido
nalguma orla? Ou ter-te-ei deixado fugir nalgum desvio longe do meu olhar? Hoje
percebo já não saber voar...
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