quarta-feira, 14 de abril de 2010

Já não sei voar...


É tão longa esta estrada onde, hoje, os meus passos se perdem de ti, afundando-se num lodo do esquecimento. Derretem as cores das palavras que antes por aqui galopavam na necessidade de te dizer que eras o caminho único dos meus dias. Já nem as mãos guardam o perfume das tuas como malhas onde se entrelaçavam, seguras de terem ancorado no porto desejado. Queimam, nas minhas costas, fogueiras acesas em noites de paixão mas que o fogo foi esquecendo de atear. São as folhas rejeitadas pelo Outono que me oferecem trilhos para pisar. É tão árduo o meu caminhar que, nos pântanos que se me abrem, os nenúfares já não resistem ao pousar duma borboleta e antes de chorarem, mergulham para abraçar as raízes. Desfocaram-se os teus braços onde eu desejei me enraizar. E hoje o meu mergulho desconhece o retorno. Afundo-me nesta estrada tão longa sem te encontrar no meu destino. Ter-te-ás perdido nalguma orla? Ou ter-te-ei deixado fugir nalgum desvio longe do meu olhar? Hoje percebo já não saber voar...

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