quinta-feira, 15 de abril de 2010

À espera de nós

© Maxey


Atravesso a tua imagem e não te reconheço, perdido em pensamentos que te procuram realidade feita pó expirado no prazo de entrega por acontecer. Percorro o rio seco e pergunto-te aos peixes recolhidos nas árvores onde as folhas guardam gotas do último dilúvio e lhes ensinam a verdade da míngua. Dizem-me nada te saber. Uma torrente de paixão terá levado o caudal para o mar e uma tempestade de ausência desviado a água da nascente para outro leito. Também eles, se soubessem, chorariam a dissipação de nós. Mas são simples joguetes do destino a quem roubaram o tabuleiro onde se moviam sob vontades que não dominavam. Agradeço-lhes inebriado por um desencantamento trôpego que afasto com as mãos do querer continuar. Permaneço na margem à nossa espera.

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