domingo, 6 de junho de 2010

Contornos [des]apertados



Desaperto-te a tarde,
ou será tarde quando te desaperto
o fecho que te corre nas costas,
mas não tem costas o rio que escorre
na palma das minhas mãos cegas
pelo desejo que nos teus lábios deixo
e bebo no fulgor ardente de teu beijo.


Aperto-te num abraço
de braços com que te desprendes
e prendes-me na nudez do silêncio
que vestes no caminho dos gritos
seguros no êxtase com que mordes
o torpor engolido em cada fenda desvendada
nos contornos do ventre em que me possuis.

Sem comentários: