terça-feira, 22 de junho de 2010

Sonho vazio

© DSent


Pego num lápis de ponta moldável que se derrete em cores diversas de imaginação. Sobre uma superfície transparente, pendurada na vertical, traço esboços de sonhos. Não escolho as cores. Elas auto-elegem-se. Verde para a esperança, azul para os voos, branco para a pureza, vermelho para a paixão, num tom escarlate para o desejo. Há um amarelo especial para um sorriso. Desenho os contornos. Mas os interiores continuam transparentes, vazios. Nesses espaços por colorir, por preencher são visíveis largas quantidades de água. Densa sem que se vislumbre a sua profundidade. Como se fossem poços intermináveis. A vida esvazia-se e esvai-se nas horas intermináveis. Nestas horas dum dia que parece não querer acabar. E eu tento adormecer para esquecer que ainda é dia e a vida não se preenche, não se colora, afundando-se numa transparência de sonhos que não tomam cor. Que não ganham vida.

1 comentário:

helenabranco.poet@gmail.com disse...

o anseio desenha a cores no anverso do sentimento...e vai descolorindo o campus dos dias...gastando arco-íris