quinta-feira, 10 de junho de 2010

Linho

© alais-photography



Numa linha de linho
descoso o que voltarei a coser,
há um desfazer
na procura do prazer
de tornar a fazer.

Cubro-te com o vestido de linho
que as minhas mãos te despirão,
faço-o na antecipação
do momento que decido colher.

Deito-te no leito
em lençóis de linho feito
que os nossos corpos em desalinho
deixarão desfeito.

E no teu corpo de linho
desenho um traço de carícia
que apagarei no fogo
com que ao meu te coserei
e em ti me deixarei preso,
por uma linha de linho
que não descoserei.

2 comentários:

Ana disse...

Desfazer a solidão em palavras tecidas de ternura.

helenabranco.poet@gmail.com disse...

na tecitura dos afectos
a calçada em contraluz de azulidade...

tão pleno de essencialidade senhor poeta...