quinta-feira, 24 de junho de 2010

Vem [des]arrumar este silêncio



Vem desarrumar este silêncio
onde me sento
onde me perco
onde me pranto
onde me arrumo.

Traz as ondas no mar,
o sal na pele,
o sol no olhar
e a areia nas mãos.

Desordena os meus lençóis
nas ondas cíclicas das marés
e deixa-me lamber-te a pele
para ficar com sede de ti.
Queima-me o olhar
com o fogo que no teu arde
e derrama o conteúdo de tuas mãos
no meu corpo faminto de ti.

Depois sossega
e deixa adormecer o amor.
Vem arrumar-te neste silêncio
que em nós fica no rescaldo da paixão
onde nos acolhemos
onde nos encontramos
onde nos derretemos
onde nos arrumamos.

Vem [des]arrumar este silêncio
que se [des]ordena num chamamento mudo.

… por ti.

4 comentários:

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

que belo momento de poesia.

beij

Ana disse...

A (des)arrumação necessária ao amor.
Tão belo de sentir e saber dizer.

Anónimo disse...

"e deixa-me lamber-te a pele para ficar com sede de ti."
Foi aqui que o meu coração se acolheu...ficou quieto. Apenas sentindo aquela língua quente percorrê-lo devagar...Obrigada.

NM disse...

A magia das palavras com sabor, odor, etc. Um apelo aos sentidos nesse mar em que muitos se encontram e perdem, incessantemente...Lindo.
NM