terça-feira, 30 de março de 2010

Estão todos bem!

imagem recolhida aqui

A que distância fica a realidade do que desejámos, daquilo em que acreditamos?

Frank Goode [interpretado por Robert de Niro] enviuvou há oito meses. Confrontado com a nova realidade, preenche os seus dias cuidando da casa, assumindo tarefas, até aí, exclusivas da sua falecida mulher. Pai exigente, empenhado em proporcionar todas as condições para que os seus filhos vençam na vida, trabalhou anos e anos na produção de PVC para revestimento dos cabos usados nas telecomunicações. As metragens que saíram das suas mãos são o seu orgulho por certificar-lhe o conforto de assim ter criado filhos detentores, hoje, de distintas carreiras. Separados por longas distâncias, Frank planeia reuni-los. Nas vésperas da data marcada, mune-se dos melhores condimentos para que a recepção se torne memorável. Mas inesperadamente vê-lhe anunciadas as impossibilidades de todos o visitarem. Restabelecido da decepção, decide surpreendê-los e parte ao seu encontro. Em cada cidade que visita acaba por ser ele o surpreendido ao perceber que a realidade não é aquela em que acreditara, aquela que lhe fora transmitida. Apercebe-se que, quiçá por força das suas exigências, com a conivência da mãe, todos os seus filhos fizeram-no acreditar possuírem carreiras e vidas familiares distantes da realidade. Refeito do choque, percebendo a insensibilidade que o tomou durante anos, Frank acaba por reconhecer que apesar da realidade ser diferente, Estão todos bem!

Everybody’s fine, de Kirk Jones, confessa-se uma comédia comovente, onde perpassa o desconforto da solidão, sugere a distância e incompreensão que se crava no seio familiar, enaltece o empenho e o respeito, mas acaba por nos mostrar que apesar de fugirmos da realidade, pela escusa de nos magoarmos, teremos de olhá-la de frente e descobrir que mesmo distante do que desejámos e daquilo em que acreditámos, deveremos avaliar os factos pela felicidade que proporcionam. E se assim é… estaremos todos bem!...

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