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A que distância fica a realidade do que desejámos, daquilo
em que acreditamos?
Frank Goode [interpretado por Robert de Niro] enviuvou há
oito meses. Confrontado com a nova realidade, preenche os seus dias cuidando da
casa, assumindo tarefas, até aí, exclusivas da sua falecida mulher. Pai
exigente, empenhado em proporcionar todas as condições para que os seus filhos
vençam na vida, trabalhou anos e anos na produção de PVC para revestimento dos
cabos usados nas telecomunicações. As metragens que saíram das suas mãos são o
seu orgulho por certificar-lhe o conforto de assim ter criado filhos
detentores, hoje, de distintas carreiras. Separados por longas distâncias,
Frank planeia reuni-los. Nas vésperas da data marcada, mune-se dos melhores
condimentos para que a recepção se torne memorável. Mas inesperadamente vê-lhe
anunciadas as impossibilidades de todos o visitarem. Restabelecido da decepção,
decide surpreendê-los e parte ao seu encontro. Em cada cidade que visita acaba
por ser ele o surpreendido ao perceber que a realidade não é aquela em que
acreditara, aquela que lhe fora transmitida. Apercebe-se que, quiçá por força
das suas exigências, com a conivência da mãe, todos os seus filhos fizeram-no
acreditar possuírem carreiras e vidas familiares distantes da realidade.
Refeito do choque, percebendo a insensibilidade que o tomou durante anos, Frank
acaba por reconhecer que apesar da realidade ser diferente, Estão todos bem!
Everybody’s fine,
de Kirk Jones, confessa-se uma comédia comovente, onde perpassa o desconforto
da solidão, sugere a distância e incompreensão que se crava no seio familiar,
enaltece o empenho e o respeito, mas acaba por nos mostrar que apesar de
fugirmos da realidade, pela escusa de nos magoarmos, teremos de olhá-la de
frente e descobrir que mesmo distante do que desejámos e daquilo em que
acreditámos, deveremos avaliar os factos pela felicidade que proporcionam. E se
assim é… estaremos todos bem!...
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