Descobri, dentro
de mim, um quarto por onde entra a luz
discreta dum sorriso, como um feixe de poesia que aparta o ar e corta a
pele. E
nesse quarto há um céu onde o silêncio fala em ramadas de estrelas,
presas no
tronco imaginário dum corpo que dispo com o desejo do mar. E não se
ouvem
ondas, apenas o respirar das mãos nos dedos viajantes em busca das horas
duma
tarde onde acordar. E dentro desse quarto há uma constelação de cedros
onde as luzes
se projectam nos lábios acesos de sede. E os pássaros são bandos de
certezas
planando sobre um leito onde adormece a inquietude da paixão. Lá fora há
um dia
estendendo-se no esquecimento do tempo. E os teus braços são uma cortina
de
linho com que me fechas dentro deste quarto, onde moras.
1 comentário:
um mundo inteiro dentro e os sons lá fora
ondas quebrando, crianças brincando, cachorros latindo...
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