Por vezes sinto-me receptáculo a quem arrancas uma pétala, para
depois roubares outra, em laivos travessos de paixão… e eu, no brilho
primaveril volto a repô-las ansioso pelo teu regresso. Outras vezes sinto ser
fruto trincado no desafio dum olhar ébrio de desejo. Por vezes sinto-me pele
arrepiada, quando a tua passas na minha, como esteiro experimentando na margem
terrenos por invadir. Mas… tenho medo de alguma vez ser tronco despido de Outono,
desfolhado pelo esquecimento de quem parte à procura dum novo sol, atraído por
paisagens a conhecer, desperto pelas essências duma fragrância que é novidade.
Então determino querer queimar no incêndio ardente de hoje e transformar-me
em cinzas, onde as pegadas da tua memória se esgotem na procura de me
reencontrar.
1 comentário:
Brilhante texto como, aliás, é comum neste blog.
Parabéns.
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